A Porta

Tic tac tic tac tic tac.
O relógio conta o tempo e ela passa correndo.

Tac tac tac tac tac.
Sapatos riscando o chão recém polido.

Consigo ouvi-lá arfando.
Desesperada.
Correndo enquanto olha para trás.
"Ele está me alcançando", seu pensamento no olhar.

Mais uma bifurcação.
Esquerda? Direita?
Esquerda.

Sapatos de brechó riscando a madeira brilhante do chão do casarão.
Cabelo tingido de preto grudando-se no suor do rosto.
Marcas de suor da camisa marfim de manga longa.
Saia rasgada em meio ao desespero.

A porta!
Era sua chance no fim do corredor.
Ela me olha mas não me vê.

Não sabe que estou aqui.
Está sozinha.

Abre sua bolsa e joga tudo no chão.
Procura a chave, queria sair.
Achou.
Olhou pra trás enquanto destrancava a porta.

A porta abre para fora.

Ele estava lá.

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