Eu estou com medo





Dia 07 de outubro de 2018. 21 horas e 38 minutos. Eu estou com medo.
Com medo porque 46% do meu país defende um facista. Com medo porque minha família defende facista. Com medo porque, no "país da diversidade", quando metade da população acha elegível um candidato que faz piada sobre estupro, que incita ódio contra negros e a comunidade LGBTT+, que acha que mulheres devem ganhar menos, que pretende reduzir os investimentos em faculdades públicas, entre outras barbaridades. Um candidato que afirmou não entender de economia mas, ainda assim, é visto como a solução do país. Um candidato que defende um torturador.
Veja bem, como uma mulher pobre, bissexual e estudante de História em uma universidade pública, faz muito sentido o meu medo. Aliás, eu nem precisaria ser isso, não é mesmo? Afinal, também temo por grupos dos quais não participo. Empatia o nome disso.
Eu acreditava - ou queria acreditar - que seus eleitores eram uma massa com pouco acesso a conhecimento decidida a votar no único candidato conhecido por eles que não era do PT. Mas eu não podia estar mais errada. Esse número tão expressivo só pode demonstrar uma coisa: o Brasil está banhado em ódio. Não quero repetirum clichê como "a história se repete", ou qualquer coisa do gênero, mas esse processo me faz pensar em uma frase bastante dita: o holocausto foi feito por pessoas comuns. Sim, pois foram as pessoas comuns, e não (apenas) Hitler, os assassinos de 6 milhões de pessoas. As pessoas comuns.
Em um país que há pouco mais de meio século entrava numa ditadura, assusta ver um presidenciável clamar um dos maiores torturadores como heroi pessoal e tentar censurar uma revista quando nem mesmo foi eleito. Censura é sempre um péssimo sinal.
Bom... hoje é 07 de outubro de 2018 e eu estou com medo do que pode vir. Por mim e por vocês. É preciso ter fé de que, diferente dos exemplos que a história nos deu, aqui no Brasil a população se unirá contra o facismo, contra a censura e, principalmente, contra o ódio e a violência gratuita. Eu quero, mais uma vez, acreditar. Acreditar que ficaremos juntos e nos apoiaremos até o fim.

O seu Zeppelin se foi, pobre Geni. Fica esperta.

B. Jakubowski

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