Resenha: The Northman (2022)

Que delícia de filme! Que sabor! Assisti no cinema ontem e vim correndo escrever a resenha para o blog porque quero registrar esse momento.

No terceiro longa de sua carreira, Robert Eggers (que dirigiu A Bruxa (2015) e O Farol (2019)) nos traz a história do príncipe Amleth (Alexander Skarsgård) que, após seu tio matar seu pai e sequestrar sua mãe para usurpar o trono, foge jurando: "Vou vingá-lo, pai. Vou salvá-la, mãe. Vou matá-lo, Fjölnir."

A lenda de Amleth teve diferentes versões ao longo dos séculos e inspirou o Hamlet de Shakespeare, um livro fantástico, aliás. No filme vemos um protagonista bastante judiado e, embora diferente da lenda "original", nada deixa a desejar. Inclusive, acho que é até mais interessante a abordagem que Eggers traz. Se você quiser saber mais sobre a lenda, recomendo esse texto do Nexus, mas já aviso: tem spoilers!

Sobre o filme em si, acho que é um trabalho impecável de todos os lados e te faz ficar completamente imerso na história. A fotografia é maravilhosa, assim como a ambientação e a atuação de cada um dos atores. É uma obra muito fiel ao cenário histórico e, de acordo com a review da Isabela Boscov, essa é uma questão de suma importância para Eggers, o que acho incrível. Chega de filmes históricos com armaduras polidas de metal precioso!

The Northman é um filme extremamente violento! No Brasil recebeu classificação +18 e com razão. Mas gosto que a violência não aparece de forma gratuita e sem propósito, nem mesmo é repetitiva. Ela é retratada como elemento incontestável em uma história marcada por vingança, abusos e escravidão. Fica, porém, o alerta, já que muita pessoas podem não tem estômago para algumas das cenas.

Eu adorei como cada ponto da jornada de Amleth está envolto pela mitologia nórdica, ele é um homem de seu tempo, afinal. Em sua cultura politeísta os deuses e outras entidades estão tão presentes no cotidiano quando seus parentes e é muito significativo que o filme não aborda as lendas nórdicas pela ótica cristã, e sim segundo sua própria lógica. Assim, Fenrir, por exemplo, não é uma figura demoníaca e Odin não é o deus bom e benevolente. Essa abordagem é de suma importância para a narrativa fantástica que o filme propõe fazer.

E que show de atuação! O filme conta com atores renomados, como Nicole Kidman (Gudrún, mãe de Amleth), Anya Taylor-Joy (Olga) e Willem Dafoe (Heimir the Fool), que aparece pouquíssimo, mas eu amo. Todos são essenciais para que cada parte da história se encaixe e você consiga esquecer que é um filme. Poderia ficar um post inteiro falando sobre como são incríveis, mas acho que já ficou claro.

Por fim, um aviso a quem não sabe se vai gostar ou não.

The Northman me lembrou muito The Green Knight (2021), ou seja, é uma história onde não existe divisa entre real e imaginário, entre o mundo terrestre e as lendas, entre escolha e destino. É um filme que te permite sonhar e, sobretudo, é a lenda de Amleth. E uma lenda é sempre uma lenda.

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