Resenha: Clickbait

 Antes de mais nada eu gostaria de dizer que absolutamente não sou uma pessoa de séries. E com isso quero dizer que quase nunca as finalizo, embora comece uma nova por semana. Sei que essas séries de Netflix e demais serviços de streaming tornaram-se uma febre absoluta, mas infelizmente tenho dificuldade em acompanhar uma mesma história por inúmeros episódios. É por isso que as séries que termino sempre são as pequenas, de até 10 episódios, e é aqui que entra Clickbait.

Clickbait, direção de Brad Anderson (The Sinner) e Emma Freeman (Glitch), estreiou esse ano na Netflix e tem apenas 8 episódios, dá para maratonar tranquilo em um fim de semana para quem curte. Ela começa a partir de um vídeo postado na internet onde Nick Brewer aparece machucado, segurando uma placa escrito "eu abuso de mulheres" e depois uma com os dizeres "5 milhões de visualizações e eu morro". Rapidamente o vídeo se torna viral, restando à família e os policiais a tarefa de encontrar Nick e descobrir que está por trás de seu sequestro. Cada episódio acompanha um personagem e vai formando o quebra-cabeça, peça por peça.Veja o trailer abaixo:


A série gira em torno de duas personagens principais, Sophie Brewer, a esposa, e Pia Brewer, a irmã. Elas são diretamente afetadas com o sequestro de Nick (Adrian Grenier), mas possuem uma relação péssima e acabam com muita dificuldade em trabalhar juntas, mesmo tendo o mesmo objetivo.
Os outros personagens também são muito interessantes, meus favoritos são Roshan Amir (Phoenix Rai), que interpreta um policial justo e workaholic cujo sonho entrar na divisão de homicídios, e Simon Oxley (Daniel Henshall), mas esse eu não posso explicar quem é. 👀

Pia Brewer (Zoe Kazan): ela é a primeira a descobrir que Nick foi sequestrado e, desde o início se mostra atormentada pela notícia. Pia é um furacão humano, sempre buscando respostas, se infiltrando onde fosse necessário, gritando e brigando se preciso. Ela é uma figura controversa porque apesar de ser BEM irritante às vezes, a história não se moveria sem ela. Eu já conhecia Zoe Kazan de What If? (tem resenha no blog), mas ela me surpreendeu nessa série, a personagem é super coesa e autêntica, eu até esquecia que ela estava atuando. Ah, a personagem possui um certo envolvimento romântico que eu acho super dispensável, mas enfim né...

Sophie Brewer (Betty Gabriel): esposa e mãe, ela tem sua vida virada ao avesso e exposta para a mídia enquanto luta para manter tudo no lugar, principalmente por conta de seus filhos, Kai e Ethan, que sofrem muito com os acontecimentos e precisam ser protegidos dos olhares da mídia e comentários maldosos por parte de seus colegas. Sophie é o oposto de Pia: super controlada (e um tanto controladora) e possui dificuldade externando seus sentimentos em relação ao acontecimento. Betty Gabriel, de Corra!, fez um excelente trabalho representando uma mulher que tentam manter tudo funcionando e acaba explodindo vez ou outra em meio ao inferno que sua vida virou. Eu adoro a dualidade de Sophie.


O que eu mais gostei sobre a série foi o quanto fui surpreendida com reviravoltas nos acontecimentos. A cada episódio mudava minhas opiniões e teorias não apenas em relação ao sequestrador, mas também sobre Nick Brewer. Quem era ele afinal? Isso só descobri no episódio 6 ou 7. Nada era o que aparentava ser.
Clickbait oferece uma reflexão sobre como nossa vida é afetada pelas redes sociais e como o tribunal da internet pode destruir a vida de uma família inteira.

Recomendo demais a todos que se interessam por suspense policial e um clima meio Black Mirror.


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